Escola Municipal Professora Rosa
Maria Berezoski Demarchi.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA:
Será que sou a favor ou contra uma
escola de qualidade para todos???
Ferreira B. Windyz
Hoje, as expressões educação inclusiva,
inclusão, necessidades especiais, fracasso escolar, evasão, formação de
professoras, gestão participativa, projetos educacionais, e muitas outras fazem
parte de nosso dia-a-dia trabalhando no sistema educacional brasileiro. Aonde
quer que eu vá, seja em São Paulo ou no sertão Pernambucano, escuto sempre as
mesmas preocupações, os mesmos dilemas e os mesmos desafios. Poderia dizer
também que escuto as mesmas queixas e dúvidas...
Dos professores:
_ "Eu não sou
contra a inclusão... mas como receber uma criança com deficiência numa sala com
mais de 40 crianças?? "
_ "Criança com
necessidade especial? Ah! Sim, temos uma professora que é maravilhosa. Ela
adora essas crianças e aceita ficar com elas na sua classe..."
_"Eu entendo e concordo que todas
as crianças têm os mesmos direitos à educação, mas como eu vou dar conta de
todos os meus alunos (as) e ainda dar "atenção" e cuidar de uma
criança com deficiência?"
_ "Eu não estou
"preparada" para receber uma criança "especial" na minha
sala de aula."
Acredito que todas essas falas aqui
mencionadas tenham eco no âmbito da experiência de todos... Afinal, como tenho
ouvido de muitos educadores, gestores, e até mesmo de pessoas com deficiência,
pessoas que trabalham na área de educação especial e pais, etc: “ não é justo que uma criança com deficiência seja matriculada
em uma escola onde ela não será aceita, na qual os professores não estão
preparados para recebê-las e onde não há recursos para responder às suas
necessidades!”
Agora dirijo meu olhar para outro
aspecto da vida escolar. Vamos falar um pouco das crianças que não têm deficiência...
Nas minhas andanças pelas escolas
brasileiras de vários estados - quando sou convidada para falar sobre educação
inclusiva ou coordenar algum projeto sobre abordagens de ensino inclusivas,
tenho também escutado professores e gestores falando sobre outros problemas que
afetam a comunidade escolar, os quais envolvem estórias de violência,
prostituição, tráfico de drogas, assassinatos, brigas, medos, etc. O medo é
muito grande e as estórias são às vezes assustadoras... Tendo como pano de
fundo este tipo de problemas comunitários, é comum eu ouvir os seguintes
depoimentos:
“ Imagine, eu sou professora de 4ª. Série e muitos de
meus alunos(a) ainda não sabem ler! Não é fácil...”
Como meu(s) aluno(s) pode(m) aprender se vivem naquele
ambiente horrível? A comunidade onde esta escola está inserida é muito pobre e
aqui acontecem coisas horríveis. Há muita violência, os pais são embriagados e
as mães muitas vezes prostitutas... Essas crianças não têm como aprender ou
receberem apoio em seus estudos nessas condições. “Eu queria fazer uma
revisão... quando perguntei aos alunos o que sabiam sobre o que eu tinha
ensinado durante um semestre, os alunos me deram os tópicos do programa da
disciplina. Quando perguntei-lhes o que tinham aprendido, eles responderam:
Nada! E quando perguntei o que queriam aprender... disseram novamente: Nada!
Descobri que tudo o que eu ensinei para minha turma de 5ª. Série não tinha sido
aprendido.”
“Você tem idéia do que seja dar aula
por aqui?!
A gente vive aterrorizada com a violência local e essas crianças
não têm valores ou respeito pelo outro.
Como vão aprender a se comportar na sala de aula?
Como vão entender a importância da educação para as suas vidas?”
“Imagine que meu aluno um dia me disse:
porque vou perder meu tempo com a escola se meu pai nunca estudou e ganha muito
bem com o tráfico de drogas?”
Em meio a tantas restrições baseadas na
crença o despreparo da escola e dos professores para receber crianças com
deficiências, somado aos problemas sociais que afetam a população, que tem
tentado sobreviver às desigualdades socioeconômicas. Eu coloco as seguintes
questões:
· Para refletir
_ Quem na sua escola tem necessidades educacionais especiais?
_ Quem é considerada uma criança com deficiência?
_ O que é deficiência e o que é ser ‘deficiente’?
_ Qual é a diferença entre necessidades educacionais que foram
geradas por uma deficiência e necessidades educacionais que foram geradas por
uma deficiência social e econômica?
Qual é a diferença real entre crianças com deficiência que não
têm acesso à escola ou são discriminadas na sala de aula e crianças sem
deficiência que fracassam na escola, se evadem e são marginalizadas
socialmente? Qual é a diferença real se ambas são excluídas e têm violado seu
direito fundamental à educação?
_ E o que eu posso mudar na minha prática pedagógica para fazer
a diferença em minhas ações em sala?
A Educação Inclusiva tenta ser uma
resposta a tantas indagações...
A educação inclusiva como resposta às
necessidades especiais de todas as crianças
A Educação Inclusiva surgiu, e vem
crescendo no mundo inteiro, com base no pressuposto de que TODA criança tem
direito à educação de qualidade e de que, portanto, os sistemas educacionais
têm que mudar para poder responder a essas necessidades. Na educação inclusiva
defendemos que TODAS as crianças SÃO ESPECIAIS e, por isso mesmo, devem receber
o que a escola tem de melhor – em outras palavras todas as escolas devem ser
especiais.
Como crianças especiais, TODAS têm
direito de acesso à educação e de conviver com as crianças de seu próprio
bairro, seus irmãos, seus colegas, seus pais ou familiares e TODAS merecem
nossa atenção, cuidado e aperfeiçoamento.
A Educação Inclusiva, portanto, não diz respeito somente às
crianças com deficiência – cuja grande maioria no Brasil ainda permanece fora
das escolas, porque nós nem tentamos aceitá-las – mas diz respeito a todas as
crianças que enfrentam barreiras: barreiras de acesso à escolarização ou de
acesso ao currículo, que levam ao fracasso escolar e à exclusão social. Na
verdade, são essas barreiras que são nossas grandes inimigas e devem ser foco
de nossa atenção para que possamos identificá-las, entendê-las e combatê-las.
Embora aqui, nossa atenção esteja
centrada na realidade educacional brasileira, a realidade da exclusão
educacional dos chamados “grupos sociais vulneráveis ou grupos de
risco” é uma realidade mundial que também afeta os grupos que vivem em
situação de desvantagem nos países ricos. Grupos sociais em risco de exclusão
se referem a crianças e jovens que vivem nas ruas, crianças que sofrem
maus-tratos e violência doméstica, crianças e jovens com deficiência, meninas
que são levadas a se prostituírem, crianças e jovens com o vírus do HIV/AIDS,
com câncer ou outra doença terminal, crianças e jovens que estão em conflito
com a lei, crianças negras e indígenas e outros grupos que, por razões
distintas, sejam produto da desigualdade social e econômica e, principalmente,
sejam objeto de discriminação e preconceito dentro e fora das escolas.
São exatamente esses grupos sociais que estão no coração da
educação inclusiva. Esta se caracteriza como um movimento em defesa da escola
de qualidade para todos, nas quais todos – gestores, professores, alunos,
técnicos, profissionais, comunidade – estejam comprometidos com a melhoria da
escola para todos os membros da comunidade escolar e a valorização de todos por
meio do desenvolvimento pessoal e profissional.
“A Educação Inclusiva é antes de tudo uma
questão de Direitos Humanos”.
Tarefas Pedagógicas a
partir do dia 26 de março de 2012
1)
Leitura da Revista inclusão-
Out/2005, discussão do tema na reunião de abril. Cada professor deverá fazer um
o seu parecer por escrito, para incluir no PPP. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revistainclusao1.pdf
2)
Os
professores do Rosa Berezoski deverão fazer seu planejamento de atividades
(semanal ou quinzenal) com a Auxiliar de Inclusão durante as horas atividades (
a Joelma deverá ter em TODAS as aulas atividades adaptadas para trabalhar com
os alunos com deficiência – o material e o conteúdo deverá constar data e aula
que será utilizado).
Indicações para
leitura e pesquisa no site
MACEDO, Lino. Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para todos? Porto
Alegre, Artmed, 2005.
Este livro tem como tema a reflexão sobre a educação inclusiva
no contexto da escola atual. O autor destaca idéias e propostas que têm o
objetivo de levar o professor a repensar sua prática pedagógica cotidiana,
considerando sempre as necessidades e possibilidades da nossa realidade
educacional. Para o autor, para alcançarmos uma escola para todos “é necessário que revisemos antigos padrões de ensino e situemos a relação pedagógica e os
objetivos educacionais em todos aos seus sentidos.” O livro está dividido em onze capítulos. Os conteúdos desses
capítulos destacam questões, tais como, cultura das diferenças; fundamentos
para uma educação inclusiva; desafios à prática docente reflexiva;
competências: uma visão construtivista; dificuldades de aprendizagem; funções
da avaliação escolar hoje; o cotidiano na sala de aula, além de outras.
Trata-se de leitura recomendada a todos os profissionais que
lutam pela concretização de uma educação de qualidade em nosso país.
BRASIL, Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Educação Inclusiva: Atendimento Educacional Especializado para a
Deficiência Mental. Autoras: Cristina Abranches Mota Batista e Maria Tereza Egler Mantoan. Brasília: MEC/SEESP, 2005.
Este livro nos fala sobre o atendimento educacional
especializado para alunos com deficiência mental. Inicialmente, apresenta um
histórico da educação especial no Brasil, incluindo as leis que a embasam,
passando a discorrer, em seguida, sobre a proposta teórico-metodológica de como
deve ser esse atendimento, a partir de uma experiência bem sucedida
implementada na APAE de Contagem/MG, que desenvolve o atendimento educacional
especializado em alunos com deficiência mental. O material vem enriquecido com
fotos e sugestões de atividades, com o objetivo de facilitar o trabalho do
professor da classe comum do ensino regular. As autoras destacam, ainda, a necessidade
de o sistema educacional se reformular para atender as necessidades
educacionais dos alunos que as apresentam, oferecendo aos estudantes situações
em que eles tenham participação ativa, desenvolvam sua criatividade, sua
capacidade de conhecer o mundo e a si mesmos. Na opinião das autoras, a escola
deve favorecer a autonomia dos alunos, assim como estimular a capacidade dos
estudantes de viver e aprender com o diferente
Formação
e a autoformação é importante, pois como educadores temos a obrigação de estar
sempre informado sobre as possibilidades de aprendizagem e de como apoiar as qualidades e as
necessidades de cada um e de todos os alunos na escola”.
Ana
Karina de Oliveira Zacchi José Adelir de Oliveira
Diretora Auxiliar de
Direção
Luciana Xavier de Souza Aurora
Zimmermann
Supervisão Escolar Rúbia Carla Lehmkuhl
Orientação Escolar
Joinville, 26 de março de 2009.