quinta-feira, 22 de março de 2012


Escola Municipal Professora Rosa Maria Berezoski Demarchi.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA:
Será que sou a favor ou contra uma
escola de qualidade para todos???
Ferreira B. Windyz
Hoje, as expressões educação inclusiva, inclusão, necessidades especiais, fracasso escolar, evasão, formação de professoras, gestão participativa, projetos educacionais, e muitas outras fazem parte de nosso dia-a-dia trabalhando no sistema educacional brasileiro. Aonde quer que eu vá, seja em São Paulo ou no sertão Pernambucano, escuto sempre as mesmas preocupações, os mesmos dilemas e os mesmos desafios. Poderia dizer também que escuto as mesmas queixas e dúvidas...
Dos professores:
_ "Eu não sou contra a inclusão... mas como receber uma criança com deficiência numa sala com mais de 40 crianças?? "
_ "Criança com necessidade especial? Ah! Sim, temos uma professora que é maravilhosa. Ela adora essas crianças e aceita ficar com elas na sua classe..."
_"Eu entendo e concordo que todas as crianças têm os mesmos direitos à educação, mas como eu vou dar conta de todos os meus alunos (as) e ainda dar "atenção" e cuidar de uma criança com deficiência?"
_ "Eu não estou "preparada" para receber uma criança "especial" na minha sala de aula."
Acredito que todas essas falas aqui mencionadas tenham eco no âmbito da experiência de todos... Afinal, como tenho ouvido de muitos educadores, gestores, e até mesmo de pessoas com deficiência, pessoas que trabalham na área de educação especial e pais, etc: “ não é justo que uma criança com deficiência seja matriculada em uma escola onde ela não será aceita, na qual os professores não estão preparados para recebê-las e onde não há recursos para responder às suas necessidades!”
Agora dirijo meu olhar para outro aspecto da vida escolar. Vamos falar um pouco das crianças que não têm deficiência...
Nas minhas andanças pelas escolas brasileiras de vários estados - quando sou convidada para falar sobre educação inclusiva ou coordenar algum projeto sobre abordagens de ensino inclusivas, tenho também escutado professores e gestores falando sobre outros problemas que afetam a comunidade escolar, os quais envolvem estórias de violência, prostituição, tráfico de drogas, assassinatos, brigas, medos, etc. O medo é muito grande e as estórias são às vezes assustadoras... Tendo como pano de fundo este tipo de problemas comunitários, é comum eu ouvir os seguintes depoimentos:
“ Imagine, eu sou professora de 4ª. Série e muitos de meus alunos(a) ainda não sabem ler! Não é fácil...”
Como meu(s) aluno(s) pode(m) aprender se vivem naquele ambiente horrível? A comunidade onde esta escola está inserida é muito pobre e aqui acontecem coisas horríveis. Há muita violência, os pais são embriagados e as mães muitas vezes prostitutas... Essas crianças não têm como aprender ou receberem apoio em seus estudos nessas condições. “Eu queria fazer uma revisão... quando perguntei aos alunos o que sabiam sobre o que eu tinha ensinado durante um semestre, os alunos me deram os tópicos do programa da disciplina. Quando perguntei-lhes o que tinham aprendido, eles responderam: Nada! E quando perguntei o que queriam aprender... disseram novamente: Nada! Descobri que tudo o que eu ensinei para minha turma de 5ª. Série não tinha sido aprendido.”
“Você tem idéia do que seja dar aula por aqui?!
A gente vive aterrorizada com a violência local e essas crianças não têm valores ou respeito pelo outro.
Como vão aprender a se comportar na sala de aula?
Como vão entender a importância da educação para as suas vidas?”
“Imagine que meu aluno um dia me disse: porque vou perder meu tempo com a escola se meu pai nunca estudou e ganha muito bem com o tráfico de drogas?”
Em meio a tantas restrições baseadas na crença o despreparo da escola e dos professores para receber crianças com deficiências, somado aos problemas sociais que afetam a população, que tem tentado sobreviver às desigualdades socioeconômicas. Eu coloco as seguintes questões:
· Para refletir
_ Quem na sua escola tem necessidades educacionais especiais?
_ Quem é considerada uma criança com deficiência?
_ O que é deficiência e o que é ser ‘deficiente’?
_ Qual é a diferença entre necessidades educacionais que foram geradas por uma deficiência e necessidades educacionais que foram geradas por uma deficiência social e econômica?
Qual é a diferença real entre crianças com deficiência que não têm acesso à escola ou são discriminadas na sala de aula e crianças sem deficiência que fracassam na escola, se evadem e são marginalizadas socialmente? Qual é a diferença real se ambas são excluídas e têm violado seu direito fundamental à educação?
_ E o que eu posso mudar na minha prática pedagógica para fazer a diferença em minhas ações em sala?

A Educação Inclusiva tenta ser uma resposta a tantas indagações...

A educação inclusiva como resposta às necessidades especiais de todas as crianças
A Educação Inclusiva surgiu, e vem crescendo no mundo inteiro, com base no pressuposto de que TODA criança tem direito à educação de qualidade e de que, portanto, os sistemas educacionais têm que mudar para poder responder a essas necessidades. Na educação inclusiva defendemos que TODAS as crianças SÃO ESPECIAIS e, por isso mesmo, devem receber o que a escola tem de melhor – em outras palavras todas as escolas devem ser especiais.
Como crianças especiais, TODAS têm direito de acesso à educação e de conviver com as crianças de seu próprio bairro, seus irmãos, seus colegas, seus pais ou familiares e TODAS merecem nossa atenção, cuidado e aperfeiçoamento.
A Educação Inclusiva, portanto, não diz respeito somente às crianças com deficiência – cuja grande maioria no Brasil ainda permanece fora das escolas, porque nós nem tentamos aceitá-las – mas diz respeito a todas as crianças que enfrentam barreiras: barreiras de acesso à escolarização ou de acesso ao currículo, que levam ao fracasso escolar e à exclusão social. Na verdade, são essas barreiras que são nossas grandes inimigas e devem ser foco de nossa atenção para que possamos identificá-las, entendê-las e combatê-las.
Embora aqui, nossa atenção esteja centrada na realidade educacional brasileira, a realidade da exclusão educacional dos chamados “grupos sociais vulneráveis ou grupos de risco” é uma realidade mundial que também afeta os grupos que vivem em situação de desvantagem nos países ricos. Grupos sociais em risco de exclusão se referem a crianças e jovens que vivem nas ruas, crianças que sofrem maus-tratos e violência doméstica, crianças e jovens com deficiência, meninas que são levadas a se prostituírem, crianças e jovens com o vírus do HIV/AIDS, com câncer ou outra doença terminal, crianças e jovens que estão em conflito com a lei, crianças negras e indígenas e outros grupos que, por razões distintas, sejam produto da desigualdade social e econômica e, principalmente, sejam objeto de discriminação e preconceito dentro e fora das escolas.
São exatamente esses grupos sociais que estão no coração da educação inclusiva. Esta se caracteriza como um movimento em defesa da escola de qualidade para todos, nas quais todos – gestores, professores, alunos, técnicos, profissionais, comunidade – estejam comprometidos com a melhoria da escola para todos os membros da comunidade escolar e a valorização de todos por meio do desenvolvimento pessoal e profissional.

 “A Educação Inclusiva é antes de tudo uma questão de Direitos Humanos”.

Tarefas Pedagógicas a partir do dia 26 de março de 2012
                                                                                               
1)       Leitura da Revista inclusão- Out/2005, discussão do tema na reunião de abril. Cada professor deverá fazer um o seu parecer por escrito, para incluir no PPP. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revistainclusao1.pdf
2)      Os professores do Rosa Berezoski deverão fazer seu planejamento de atividades (semanal ou quinzenal) com a Auxiliar de Inclusão durante as horas atividades ( a Joelma deverá ter em TODAS as aulas atividades adaptadas para trabalhar com os alunos com deficiência – o material e o conteúdo deverá constar data e aula que será utilizado).



Indicações para leitura e pesquisa no site


MACEDO, Lino. Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para todos? Porto Alegre, Artmed, 2005.
Este livro tem como tema a reflexão sobre a educação inclusiva no contexto da escola atual. O autor destaca idéias e propostas que têm o objetivo de levar o professor a repensar sua prática pedagógica cotidiana, considerando sempre as necessidades e possibilidades da nossa realidade educacional. Para o autor, para alcançarmos uma escola para todos “é necessário que revisemos antigos padrões de ensino e situemos a relação pedagógica e os objetivos educacionais em todos aos seus sentidos.” O livro está dividido em onze capítulos. Os conteúdos desses capítulos destacam questões, tais como, cultura das diferenças; fundamentos para uma educação inclusiva; desafios à prática docente reflexiva; competências: uma visão construtivista; dificuldades de aprendizagem; funções da avaliação escolar hoje; o cotidiano na sala de aula, além de outras.
Trata-se de leitura recomendada a todos os profissionais que lutam pela concretização de uma educação de qualidade em nosso país.
BRASIL, Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Educação Inclusiva: Atendimento Educacional Especializado para a Deficiência Mental. Autoras: Cristina Abranches Mota Batista e Maria Tereza Egler Mantoan. Brasília: MEC/SEESP, 2005.
Este livro nos fala sobre o atendimento educacional especializado para alunos com deficiência mental. Inicialmente, apresenta um histórico da educação especial no Brasil, incluindo as leis que a embasam, passando a discorrer, em seguida, sobre a proposta teórico-metodológica de como deve ser esse atendimento, a partir de uma experiência bem sucedida implementada na APAE de Contagem/MG, que desenvolve o atendimento educacional especializado em alunos com deficiência mental. O material vem enriquecido com fotos e sugestões de atividades, com o objetivo de facilitar o trabalho do professor da classe comum do ensino regular. As autoras destacam, ainda, a necessidade de o sistema educacional se reformular para atender as necessidades educacionais dos alunos que as apresentam, oferecendo aos estudantes situações em que eles tenham participação ativa, desenvolvam sua criatividade, sua capacidade de conhecer o mundo e a si mesmos. Na opinião das autoras, a escola deve favorecer a autonomia dos alunos, assim como estimular a capacidade dos estudantes de viver e aprender com o diferente




Formação e a autoformação é importante, pois como educadores temos a obrigação de estar sempre informado sobre as possibilidades de aprendizagem  e de como apoiar as qualidades e as necessidades de cada um e de todos os alunos na escola”.

  Ana Karina de Oliveira Zacchi                       José Adelir de Oliveira     
                     Diretora                                                                      Auxiliar de Direção
   Luciana Xavier de Souza                                Aurora Zimmermann
                  Supervisão Escolar                                             Rúbia Carla Lehmkuhl
                                                                        Orientação Escolar




Joinville, 26 de março de 2009.